Por Darrow Miller
Parte 1 de 3 da série “As mulheres invisíveis de Ana”
Escrevo esta breve série de artigos com uma querida amiga em mente. O nome dela é Ana. Ela fala Português, Espanhol, Francês, Árabe e Inglês. Cada língua marca uma parte distinta de sua jornada. Ana é uma das pessoas mais especiais do mundo. Ela tem um coração apaixonado por aqueles a quem chama de “pessoas invisíveis”, aquelas pessoas que a maioria de nós nunca enxerga (talvez até mesmo porque tomamos a escolha consciente de não as enxergar).
Ana deixou seu país de origem para viver e trabalhar na Espanha e no Norte da África, representando Cristo encarnado a essas mulheres invisíveis do norte africano por mais de vinte anos. Ela entende que essas garotas e jovens mulheres são frágeis não pelo fato de que predadores as tratam como fracas e sem valor, mas porque elas são humanas, gloriosamente femininas, e seu valor é inestimável.
Esta publicação é escrita em memória dessas mulheres invisíveis, e dedicada à Ana e a todos os que amam as filhas de Eva vitimadas pelo tráfico sexual. Ao ler as três partes desta série, por favor, lembre-se das preciosas garotas e mulheres traficadas e dos homens que as traficam. É a esse contexto que estas palavras de esperança são destinadas.
O tráfico de pessoas é moralmente equivalente à escravidão
Por todo o mundo, os homens se enxergam como sendo superiores às mulheres. Em sua natureza pecaminosa, eles tratam as mulheres como inferiores, até mesmo como desprovidas de valor, como objetos a serem possuídos e abusados. Esse machismo grotesco tem suas raízes culturais no espírito de Baal. Tráfico sexual, um dos mais hediondos abusos sofridos pelas mulheres, é nada menos que o equivalente moral da escravidão, um dos maiores males que o mundo já conheceu. (Para se aprofundar neste tema, leia o meu livro Mulher: a mão que balança o berço rege o mundo.)
Por que os homens tratam as mulheres tão mal? Uma das razões é que eles consideram seu próprio tamanho e força bruta como atributo divino. Porque as mulheres são geralmente menores e mais delicadas fisicamente e por possuírem virtudes de uma natureza mais refinada e sofisticada — em contraste à natureza mais rústica dos homens — elas acabam sendo consideradas inferiores a eles.
Mas essa ideia, tão profundamente enraizada na psique masculina, é sinal de um caráter pagão, e não do caráter de Deus.
A feminista maternal Lydia Sigourney escreve o seguinte em seu primeiro livro “Cartas para Jovens Senhoras”, comentando sobre o mundo pagão da antiguidade de cultura Greco-romana: “As repúblicas da antiguidade desprezaram o valor do sexo cuja força está no coração. A Grécia … não apreciou sua excelência … .”
O valor do sexo “mais fraco” está na força do seu coração maternal, nas virtudes de nutridora, na razão intuitiva, na compaixão e na feroz proteção maternal. Estas não são qualidades típicas de homens e, portanto, aos olhos de uma cultura masculina, elas não têm valor.
Escrevendo na prosa de uma época mais refinada, Sigourney nos dá uma bela e poderosa ilustração arquitetônica da Grécia antiga para descrever a importância da mulher em sociedades livres.
Se, na breve estação de encanto juvenil, ela [a Grécia] foi constrangida a admirar a mulher como a folha de acanto de seu próprio capitel Coríntio, ela não descobriu de que maneira, como naquela mesma coluna, ela conseguia conferir estabilidade ao altivo templo da liberdade. Ela não seria convencida de que uma mão tão débil [ênfase minha] poderia ter ajudado a consolidar a estrutura que a filosofia embeleceu e a luxúria destruiu.
Muitas sociedades não apreciam a força do coração maternal
Na arquitetura grega, os pilares suportavam o peso do templo. O capitel Coríntio (o topo do pilar que aumenta sua superfície de carga) mantinha a construção de pé, e a folha de acanto era sua linda decoração. Os gregos decoravam o capitel com essa coroa de louros da vitória para ilustrar a beleza frágil da mulher. O que eles não conseguiram enxergar foi que o coração maternal da mulher era o que conferia a força necessária para unir os pilares, impedindo que o templo da liberdade desmoronasse.
As mulheres eram desprezadas na sociedade grega como em qualquer cultura sexista. Embora sua beleza fosse reconhecida, elas eram consideradas escravas. Os Gregos, os Romanos e todos os povos pagãos não entenderam a verdadeira importância da mulher. O coração maternal de uma mulher proporciona a força integral e a beleza delicada da folha de acanto que une a coluna Coríntia ao teto do templo. É esse coração maternal que suporta o templo da liberdade e contém a coroa dos louros da vitória.
A maioria das sociedades de hoje, sejam machistas ou femininas modernas, não entendem o ponto crucial que as feministas maternais e os complementaristas entendiam.
Sigourney termina dizendo que o sexo mais fraco, aquele cuja mão é “débil”, tem o poder de sustentar a sociedade. Mas os filósofos não o souberam, e a opulência da sociedade grega a derrubou.
E por que eles não o souberam? Como tantas sociedades ao longo da história, os gregos enxergavam valor apenas na masculinidade.
Culturas sexistas tentam forçar o feminino a adotar o padrão do masculino
Sigourney continua:
Roma, não obstante sua rudeza primitiva, parece ter mais corretamente estimado o “vaso mais frágil” do que a sofisticada Grécia. No entanto, onde quer que a força bruta do guerreiro seja considerada um atributo divino, a mulher é apreciada apenas quando ao se aproximar de uma natureza mais rústica.
Sigourney estava à frente do seu tempo. Vemos a mesma dinâmica hoje. Quando sociedades identificam virtudes masculinas como divinas e deixam de reconhecer as virtudes femininas como tal, as mulheres são desvalorizadas. Os gregos eram sexistas e diminuíam as mulheres. O feminismo moderno fez exatamente o mesmo: ele confere status pela medida de testosterona. As mulheres demonstram seu valor imitando os homens, como, por exemplo, se alistando nas forças armadas ou praticando kickboxing. A força masculina e a “natureza mais rústica” são valorizadas acima de tudo.
A “mão débil”, o vaso mais frágil da mulher são deficientes e, portanto, em termos masculinos, inferiores. Ela é valorizada apenas quando “se aproxima de uma natureza mais rústica”. Então, no mundo moderno, as mulheres contribuem para a sua própria morte como valiosas criaturas feitas imago Dei ao tentarem imitar os homens no mercado de trabalho e na guerra.
Em sociedades livres, as mulheres têm a opção de praticar kickboxing e ir à guerra. Mas isso é sábio? Certamente, esta é outra questão.
Tal é a natureza da cultura sexista. Tanto em países em desenvolvimento quanto nas sociedades ocidentais desenvolvidas, as mulheres são valorizadas apenas quando se aproximam da masculinidade. Até mesmo feministas modernas colocam as virtudes masculinas acima das femininas.
Para as sociedades prosperarem em liberdade, elas precisam reconhecer e abandonar culturas dominadas pelo sexismo e reconhecer a dignidade e o valor do coração maternal feminino. A cultura pagã que eleva a força bruta do homem acima do poder nutridor feminino não gera sociedades livres. Observamos isso frequentemente nas culturas muçulmanas, assim como em culturas animistas na África, América Latina, Ásia e em partes do Ocidente. A cultura sexista reduz as mulheres a objetos cujo fim é ajudar a vender qualquer coisa, de carros a sexo. Uma cultura assim trata as mulheres como servas e escravas, propriedades a serem exploradas na oferta e demanda do tráfico sexual.
… continua